quinta-feira, 1 de setembro de 2011

COMEMORAÇÕES DO JUBILEU DE 90 ANOS - 3ª Parte

De Escolas Reunidas de Borborema a EE “Manoel Silveira Bueno”

“90 anos de história, na história da educação de um povo

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”(Cora Coralina)

                                                                         Por:
Lucimaira Cristina Grella Pechutti
Leonor Gimenez
Tarciso Peres Assad
             
Nesses 90 anos de história, a Escola passou por várias nomenclaturas, porém é a mesma Instituição de Ensino que tem contribuído para o enriquecimento cultural de quem passou e continua passando pelos bancos escolares. Nesse tempo muitas foram às legislações que regeram a Educação no Brasil. Muitas mudanças ocorreram, tendo em vista as transformações sociais e as necessidades de um povo. E como a história se faz pelas pessoas, recolhemos depoimentos de ex-alunos que ajudaram e participaram diretamente da construção de nossa história; cidadãos e cidadãs de bem que desempenham papel importante na sociedade dos quais a escola se orgulha de tê-los tido como alunos e alunas.

Há 67 anos...
Fui aluna do Grupo Escolar Manoel Silveira Bueno no período de 1944 a 1947, quando cursei o primário, no período da tarde. No prédio, que ficava no centro da cidade, onde hoje é a Loja do Salvador, havia salas de aula com carteiras duplas, pátio para recreio, sala do diretor e banheiros. Lembro-me das minhas professoras: Laura Juliani, Nair Silva Leme, Lurdes Pizzolante, Ilda Rodrigues, Maria Izabel (Dª Bisuca), Dona Mariana, Dona Noemia e Dª Marina Meireles; do diretor da Escola, Sr. Francisco Pécora e dos funcionários Dona Carlota e Senhor Erotides. Com minhas professoras aprendi caligrafia, Português, Matemática, História, Ciências, Geografia, Desenho e Catequese.
Diariamente, ao bater o sino, pelos funcionários, formava-se as filas, entrávamos para a sala de aula e cantava-se o Hino Nacional e logo após fazíamos exercícios físicos e respiratórios e alongamento corporal e após iniciava-se  mais um dia de aprendizado.
Fiz muitos amigos: Dionéia Alves de Morais(in memorian), Davina Américo Pinheiro, Mafalda Inaco, Angélica Rayes, Jane Tiosso, Alice Ianelo, Lito Foster, e muitos outros. A Merenda na época era: arroz doce, sopa com frango, macarrão, sopa de fubá. O uniforme das meninas era saia azul-marinho e blusa branca com distintivo da escola no bolso e também se usou um jaleco branco com distintivo no bolso,  para meninas e meninos. Eu utilizava material escolar oferecido pela “Caixa Escolar” porque não tinha condições de comprá-los; tinha a caneta de pena, molhada na tinta, que sempre acabava manchando o meu  uniforme. No recreio, gostava muito de brincar de pega-pega.
Aprendi a ler, escrever e ter os conhecimentos gerais básicos para me sentir integrada na sociedade. Lembro-me também de que nos dois últimos anos do primário comecei a trabalhar na casa do Médico da cidade na época, Doutor Osvaldo Fink e esposa. Eu ia ao trabalho com a bolsa de escola, pois de lá seguia para a escola e depois das aulas retornava ao trabalho onde ficava até às vinte horas, retornando para casa para tomar banho, fazer as tarefas escolares e dormir para que no outro dia estivesse pronta para cumprir novamente minha missão. Naer Alves do Valle Simões-Aposentada

Há 64 anos...
Meu nome é Valmir Penitenti, 71 anos, nasci em 22 de setembro de 1939, em Borborema  e estudei no Grupo Escolar Manoel Silveira Bueno do 1º ao 4º ano entre os anos de 1947 a 1950, período em que a escola era localizada na Rua Joaquim Martins Carvalho esquina com a Rua João Bento dos Passos. Era muito sacrificado, pois eu morava na Zona Rural a 7 Km da cidade e vinha a pé todos os dias para estudar, inclusive aos sábados, com uma bolsa de pano e pés descalços, pois não havia calçados para ir à escola.
Na época a merenda era comprada, ou a família doava uma saca de arroz para as crianças poder comer a sopa, ou então eu tinha que levar um caldeirãozinho de comida e a cozinheira Cidinha colocava em cima do fogão a lenha para manter quente. Os “inspetores de alunos”  eram: Senhor Herotides e Dona Carlota.
As salas de aula eram mistas, mas na hora do recreio as meninas brincavam separadas por uma cerca de balaustre que havia no pátio da escola porque os meninos não as deixavam brincar.
Eu me lembro que no 1º ano não havia salas suficientes na escola e minha classe funcionava em um salão da casa que havia na esquina, ao lado da escola, onde hoje está sendo construído um prédio. Lembro muito bem o nome do Diretor: Francisco Pécora e dos professores: Dona Fernanda, Dona Marina Meireles, Senhor Laerte, esposo de Dona Fernanda e novamente Dona Marina. Quando terminava o 4º ano, naquela época, os alunos recebiam  o Diploma e o meu  recebi em 1951, por ocasião da inauguração do prédio atual da Escola Manoel Silveira Bueno. Valmir Penitente-Agricultor

Há 55 anos...
Estudei na Escola da Fazenda São Sebastião do Senhor Vicente Giansante por três anos, de 1956 à 1958. Naquela época a escola da Fazenda era vinculada à escola Manoel.
“Lembro-me com muito carinho de minha professora, a senhora Magali Campos Lacerda, que residia e ainda reside na cidade de Itápolis . A professora viajava de ônibus até Borborema, depois um funcionário da fazenda vinha buscá-la de charrete e levá-la até à escola.
Andávamos por uma hora e meia, a pé, para chegar à nossa querida escolinha; os tempos eram difíceis, passávamos por uma estrada em meio aos pés de café, de ambos os lados, que anos depois deram lugar à plantação de laranja e atualmente à cana-de-açúcar.
Ao meio dia, novamente, fazíamos o mesmo percurso para chegar à nossa casa.
Era apenas uma sala de aula, com aproximadamente 30 crianças, onde dona Magali dividia a lousa para poder atender os alunos do 1º, 2º e 3º ano. Nos dois primeiros anos, o governo não oferecia merenda, que deveria ser levada de casa, somente em 1958 começou a ser servido o “leite em pó”, que tomávamos sentados no chão da calçada da escola ou na grama.
Não havia água encanada, tinha apenas um filtro, no canto da sala, para saciar a sede dos alunos.
Mesmo com todas as dificuldades é bom lembrar daquele tempo e saber que um dia fiz parte da história da nossa querida escola Manoel”. Inês Martins Carvalho Anselmo-Aposentada

Há 50 anos...
Estudei nesta querida escola, de 1960 a 63. Na quarta série do Ensino Fundamental, tive a honra de ser aluno da professora: Terezinha Bocca Torres. Guardo no âmago todos os ensinamentos dela recebidos. O gosto pela Leitura, técnicas de Redação, noções de Religião e, o mais importante: que  o saber  rompe barreiras de raça, cor, religião e de classe social. Dizia um grande líder sulamericano, que era necessário disciplina, mas com ternura, Dona Terezinha, era exatamente assim! Peço "vênia"  para, na figura dela, exaltar todos os Docentes, Direção e Funcionários desta instituição; que fizeram brilhar o nome da nossa amada Borborema.
Parabéns EE.Manoel Silveira Bueno. Flávio de Fávari-Funcionário Público Estadual-Aposentado

Há 38 anos...
Entre a sala e o pátio
Entrei no Manoel em 1973 e guardo boas lembranças dos meus amigos e professores. Posso dizer que aprendi tabuada para a vida toda com Ana Maria Franco Tagliatela e valores humanos importantes com Dalila Pizzolante. Mas o lado de fora da sala de aula, quando se é criança, tem especial atrativo. No Manoel, as árvores desenhavam nossos limites: havia uma grande paineira perto do muro lateral e duas árvores “sabão de macaco“ no pátio central, antes que a escola se expandisse para os lados da quadra. As brincadeiras da época, para os meninos, eram jogar bolinha de gude, bater bafo com figurinhas, brincar de “salva-salva”. E as canções de roda das meninas, que era a poesia da minha infância, permaneceram na minha memória por muitos e muitos anos. É incrível pensar que, hoje, algumas crianças dessa época provavelmente já são avós. Para quem via de fora, o recreio devia parecer uma bagunça confusa e barulhenta, mas para quem é criança tudo é muito organizado: o lugar de cada brincadeira, a formação de cada grupo. Todos valorizavam as merendeiras, por exemplo, a Dona Santa, que morava na esquina da quadra da escola e fazia leite com aveia, polenta com carne, canja de galinha, tudo muito gostoso. Nessa época, aprendi muitas outras coisas, entre a sala e o pátio: o que era ter um amigo, o que era estar apaixonado, o que era ter respeito pelos outros e o que era preciso fazer para ser respeitado. Aprendi que a amizade e a inimizade se aproximam, às vezes, e se convertem uma na outra, quando menos se espera. Havia dias trágicos e dias de glória, uns logo após os outros, pois quando se é criança tudo é muito grave e parece ter a importância que, no fundo, realmente deveria ter. Aprendi que estudar era um modo de entender os incômodos pessoais e coletivos e que a escola, ao invés de fechar os portões, abria para o mundo. Aprendi que se podia ler por prazer e escrever para compartilhar. No Manoel, ganhei meu primeiro concurso de redação, quando a escola estava sendo reformada e estudamos na Casa de Curso. Tive meu primeiro tênis, minha primeira calça jeans. Foi logo depois de abandonar o uniforme de camisa branca de botão, que era muito fácil de sujar. Alguns amigos do Manoel estudaram comigo até o fim do ensino médio, quando passamos para o Dom Gastão. Mas sempre me lembro deles, e de outros que nunca revi, desde então. Já não conversamos muito uns com os outros, mas quando cruzamos na rua, num feriado em que visito a cidade, ou numa das filas que se formam no pátio em dia de eleições, um olha pro outro e, mesmo quando não diz nada, pensa: olha ali o meu amigo de infância, que estudou comigo no Manoel! É como se tivéssemos juntado para sempre a história de nossas vidas. Marcos Siscar-Professor Universitário-Unicamp
Há 27 anos...
“Tive o prazer de ser aluno da escola “Manoel Silveira Bueno”, durante o período de minha pré-escola até findar o primeiro grau (8ª série), assim era chamado, o que hoje é ensino fundamental. Aos cinco anos de idade, fui matriculado na pré-escola e lá permaneci até meados de 1990, quando então, por não haver segundo grau, hoje ensino médio, tive que recorrer à outra escola.
Na época, os professores já eram excelentes, me recordo com saudade da “tia Áurea”(in memorian) ,o quanto foi especial, dedicando carinho, amor e atenção.
A “educação” era considerada recíproca entre alunos e professores; o professor era mais valorizado e os alunos mais interessados em aprender; eu temia à repreensão de meus pais, caso chegasse em casa com qualquer reclamação trazida da escola.
As diretoras, Sra. Soely e Sra Arlete, excepcionalmente “marcantes”, eram adoradas pelos alunos, pois sabiam discernir autoridade de “autoritarismo”; na escola haviam festas das Nações, diversos campeonatos esportivos, gincanas, que muitos destes envolviam nossas famílias, tornando-as muito atrativas.
Vejo que, hoje, a realidade é outra, não apenas o ensino mudou e sim a família como um todo; a geração é outra, e somos obrigados a acompanhá-la, mas sem sombra de dúvidas, os professores e diretores que hoje ai estão, são competentes e qualificados, pois alguns estudaram comigo e reconheço a capacidade de cada um deles e a escola Manoel, com certeza me traz saudades!” Renato Martins Carvalho-Professor de Educação Física

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